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02/05/2022

‘Malha ferroviária não acompanhou expansão da economia baiana’, diz Autran

‘Malha ferroviária não acompanhou expansão da economia baiana’, diz Autran

A malha ferroviária baiana não acompanhou o desenvolvimento e a expansão da economia local para atender demandas de escoamento nos últimos 40 anos. A avaliação é do diretor-presidente da Companhia Docas do Estado da Bahia (Codeba), Carlos Autran, que lamentou que esse gargalo restringe o crescimento do complexo portuário da Baía de Todos os Santos, que abrange sete terminais de uso privado (TUPs) e dois portos públicos. Autran observa que não houve uma explosão de movimentação de cargas nesse complexo nos últimos cinco anos, período em que a movimentação desses nove ativos somada se manteve estável entre 35 milhões e 40 milhões de toneladas.

“O grande complexo portuário da Baía de Todos os Santos não está servido pelo modal ferroviário. Imaginem se tivéssemos ferrovias (...). O desenvolvimento da malha ferroviária não acompanhou o desenvolvimento do estado", disse Autran, na última terça-feira (26), durante o Fórum regional de logística e infraestrutura portuária (Nordeste Export).

O complexo portuário da Baía de Todos os Santos inclui os portos de Salvador e de Aratu Candeias, além dos terminais: Madre de Deus, Cotegipe, Dow, Gerdau, TRBA, Miguel Oliveira e Enseada. “Esses nove portos que hoje existem têm possibilidade de ampliação no futuro e de águas profundas e abrigadas. Provavelmente, existe capacidade de ampliação para trazer novos terminais portuários. O modal ferroviário tem que ser acompanhado para que seja dado maior desenvolvimento à economia baiana”, defendeu.

Ele comparou que, do começo da década de 1980 até hoje, a Bahia teve duas linhas ferroviárias desativadas: a linha norte (Salvador/BA-Propriá/SE), com 554 Km e a linha centro (Alagoinhas/BA-Petrolina/PE), com 450 Km. Já a linha sul (Monte Azul/MG -Mapele/BA), que tem 854 Km, tem restrições e está operacional somente de Aratu (BA) até Brumado (BA). Autran pesquisou que, no mapa da rede ferroviária federal em 1984, o estado ainda não havia prospectado mineração e o agronegócio ainda seria desenvolvido no oeste baiano.

Autran ressaltou que o cenário econômico baiano mudou muito nesses quase 40 anos. Em 2020, a Bahia registrou fluxo comercial de US$ 17,9 bilhões e US$ 68,6 bilhões de PIB. Entre os destaques do estado estão a região do oeste baiano para o agronegócio, as províncias minerais nas cidades de Sento Sé, Caetité, Juazeiro e Brumado, além do parque industrial e petroquímico na região metropolitana de Salvador.

O diretor-presidente da Codeba identificou uma infraestrutura importante com a ferrovia Norte-Sul, porém apontou a necessidade de integrar uma rede vicinal ao trajeto principal. Segundo Autran, o complexo portuário da Baía de Todos os Santos hoje está com uma deficiência ferroviária enorme, com um vácuo do modal ferroviário da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) até a Transnordestina. A Fiol ligará o futuro porto de Ilhéus, no litoral baiano, a Figueirópolis (TO), ponto em que se conectará com a Ferrovia Norte-Sul.“A Fiol levará as cargas baianas para a Norte-Sul e nossos portos vão continuar desassistidos e naquele esforço de se manter nos 35 milhões a 40 milhões de toneladas, utilizando o apoio do modal rodoviário”, alertou.

Fonte: Portos e Navios